Prestes a negociar um novo contrato com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, a direção do SAG-AFTRA anunciou que concordou unanimemente em realizar uma votação de greve. Se os membros votarem a favor da autorização, isso dará à liderança sindical o poder de convocar uma paralisação se considerar necessário. Os 160.000 membros do sindicato receberam cartões postais com instruções sobre como votar — a votação será encerrada em 5 de junho.
Com o atual contrato acabando em 30 de junho, as negociações para um novo contrato com a AMPTP estão programadas para começar em 7 de junho. Segundo a liderança do SAG-AFTRA, o conselho nacional decidiu por essa abordagem por recomendação do comitê de negociação de TV e teatro do sindicato, que acredita que a medida poderá melhorar a alavancagem nas conversas com os empregadores.
Em comunicado assinado pela presidente Fran Drescher, a organização quer estar pronta caso a “necessidade se apresente”, observando que a greve não é a primeira opção, mas o último recurso. Drescher pediu aos membros que “seguissem as orientações do comitê de negociação e do Conselho Nacional”, orientando que todos votem pela aprovação da greve em uma demonstração de solidariedade e força.
Assim como o Writers Guild of America — atualmente em greve —, o sindicato argumentou que o ambiente atual da indústria prejudicou a capacidade dos artistas de se sustentarem, destacando os altos salários dos executivos e os lucros corporativos dos estúdios.
A última vez que o SAG-AFTRA entrou em greve foi em 2000, quando o Screen Actors Guild (SAG) e o American Federation of Television and Radio Artists (AFTRA) ainda eram sindicatos separados. As organizações se uniram para negociar o contrato comercial daquele ano, em uma paralisação que durou seis meses.
Buscando “justiça econômica”, as principais prioridades do sindicato dos atores é melhorar a remuneração e reforçar planos de pensão, regulamentação do uso de inteligência artificial, aumentar os pagamentos residuais e mudar a cultura atual de audições gravadas pelos próprios atores.
Enquanto isso…
Fora da mesa de negociações com os roteiristas, a AMPTP está atualmente negociando um novo contrato com o Directors Guild of America. A data de validade do contrato atual também acaba em 30 de junho.
Carta aberta
O sindicato do cinema da Ucrânia divulgou uma carta aberta pedindo aos participantes do mercado de cinema do Festival de Cannes que interrompam todos os negócios com a Rússia. Em meio à guerra no país do Leste Europeu, a declaração afirma que a liberação de filmes no país é semelhante ao “apoio ao terrorismo”.
Destacando vários distribuidores independentes internacionais e agentes de vendas — incluindo Lionsgate, STXInternational, FilmNation, A24 e Pathé —, a carta declara que continuar fazendo negócios na Rússia significa apoiar o “estado terrorista russo com impostos”.
“Esses impostos são então transformados em armas com as quais as pacíficas cidades ucranianas são destruídas, e nossos amigos e colegas são mortos e mutilados.”
Embora os estúdios de Hollywood tenham cancelado lançamentos na Rússia após o início da guerra, mais de 140 filmes dos EUA estrearam nos cinemas no país no ano passado, segundo dados fornecidos pelo Fundo de Cinema da Rússia, que acompanha a venda de ingressos na região.
Esse é o caso de John Wick 4: Baba Yaga, que arrecadou quase US$ 14 milhões até o momento no país e nos ex-territórios soviéticos, e Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, vencedor do Oscar que embolsou US$ 2,3 milhões, de acordo com informações do Box Office Mojo. Lançada globalmente pela STXinternactional, a comédia de ação Esquema de Risco: Operação Fortune conseguiu mais de US$ 9 milhões na região, enquanto Os Três Mosqueteiros: Milady arrecadou perto de U$ 8 milhões.
Muitos filmes estrangeiros vendidos para a Rússia foram negociados antes do início da guerra. Porém, outros chegaram aos cinemas do país por meio de rotas paralelas, geralmente por subsidiárias de empresas de distribuição russas com sede em outras jurisdições ou distribuidores terceirizados. O lançamento de Johk Wick, por exemplo, foi feito pela Unicorn Media, uma empresa registrada em Malta.
Questionados pela Variety, um representante da STXInternational respondeu que o acordo para distribuição de Esquema de Risco: Operação Fortune foi feito antes do conflito com a Top Film, uma distribuidora ucraniana. Já a Lionsgate afirmou que suspendeu todos os negócios com a Rússia, mas continua honrando os contratos.
Em Cannes, a Variety conversou com representantes de vendas que pediram anonimato. Um deles afirmou que, apesar dos argumentos fornecidos pelos distribuidores e agentes de venda, “a realidade é que muito mais lucrativo financeiramente continuar negociando com a Rússia do que perder se os filmes forem pirateados”. A fonte ainda comenta que é difícil continuar alegando que os acordos foram assinantes antes da guerra.
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Segundo o presidente mundial de publicidade da Netflix, Jeremi Gorman, o serviço de streaming tem quase cinco milhões de usuários ativos mensais globais utilizando o plano de assinatura com publicidade. Seis meses após o lançamento, a empresa diz que a base de membros assinando o plano “mais do que dobrou” desde o início deste ano.
Em um evento focado em publicidade, o co-CEO Greg Peters observou que mais de um quarto das inscrições em países onde o plano de anúncios está disponível o escolheram como opção, com níveis de engajamento semelhantes aos planos sem anúncios.
Aproveitando o interesse do público, a Netflix anunciou novas oportunidades de publicidade, incluindo a capacidade de patrocinar a apresentação de séries no lançamento e alinhar patrocínios com feriados ou a imagem da marca — por exemplo, marcas sustentáveis patrocinando conteúdos relacionados ao tema.
Peter Naylor, vice-presidente de vendas globais de anúncios da Netflix, também anunciou no evento que, a partir do quarto trimestre, os clientes poderão usar a Nielsen Digital Ad Ratings para medir o alcance das campanhas. A empresa também relevou um acordo com a empresa de dados EDO para medir o engajamento.
Com 232,5 milhões de assinantes globais, a Netflix ainda domina a maioria dos gráficos de audiência de streaming, e a empresa diz que os usuários passam mais tempo na Netflix do que nos concorrentes. Para provar esse ponto, Peters ainda citou o “efeito Netflix” no engajamento de músicas mais antigas nas paradas de sucesso após a utilização em produções do serviço de streaming.
Adeus
Após Bob Iger declarar que os investimentos previstos para a Flórida estavam em jogo, a Disney anunciou que está desativando um complexo de escritórios planejado para ser construído em Orlando. O complexo geraria mais de 2.000 empregos na região, com US$ 120.000 como salário médio, de acordo com uma estimativa do Departamento de Oportunidades Econômicas da Flórida.
Conhecido como Lake Nona Town Center, o projeto deveria custar US$ 864 milhões, mas estimativas recentes estavam próximas de US$ 1,3 bilhão. A Disney planeja realocar até 2.000 funcionários para o sul da Califórnia, incluindo a maior parte do Imaginnering, departamento que trabalha com os estúdios de cinema do conglomerado para desenvolver atrações de parques temáticos.
Segundo o New York Times, a maioria os funcionários afetados reclamou da necessidade de mudar de estado — alguns pediram demissão —, mas a Disney manteve a decisão, em parte devido a um crédito fiscal da Flórida que teria permitido que a empresa recuperasse até US$ 570 milhões em 20 anos para construir e ocupar o complexo.
Assinado por Josh D'Amaro, presidente de parque temático e produtos de consumo da Disney, o email enviado aos funcionários cita uma “mudança nas condições de negócios” como motivo para o cancelamento. O executivo observou que US$ 17 bilhões ainda estavam destinados à construção na Disney World na próxima década — o investimento criaria cerca de 13.000 empregos.
Porém, D’Amaro ainda diz no memorando que “continua otimista” sobre a direção dos negócios da Walt Disney World e espera que a empresa possa continuar investindo no parque.
Enquanto isso, Gavin Newsom, governador da Califórnia, agradeceu à Disney em uma mensagem publicada no Twitter, afirmando que os novos empregos serão recebidos de braços abertos e agradecendo a empresa por “fazer a coisa certa”.
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Nos vemos na próxima! Se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan