O que está acontecendo com a Warner Bros. Discovery?
Prey batendo recordes no streaming; Top Gun: Maverick voando alto (perdão); e muitas notícias sobre a WBD...
Alguns dias antes da teleconferência de resultados do último trimestre da Warner Bros. Discovery, a indústria e a mídia especulavam sobre o futuro da empresa de mídia após a notícia do cancelamento de Scoob: Holiday Haunt e Batgirl. A confirmação do engavetamento dos dois longas-metragens chocou Hollywood, que raramente desiste completamente de produções já filmadas, preferindo obter pelo menos algum retorno financeiro.
Inicialmente custando US$ 75 milhões, as filmagens principais de Batgirl terminaram no início deste ano e o filme estava em fase de pós-produção. Devido a atrasos e protocolos relacionados ao covid-19, a produção atingiu o custo de US$ 90 milhões.
Ao abordar a controversa decisão, David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery, afirmou que a empresa não lançará um filme a menos que o estúdio acredite nele. O executivo apontou que tem o objetivo de montar uma equipe para criar um “plano de 10 anos focado apenas na DC” — por enquanto, nenhum nome foi anunciado para liderar a tal equipe.
Desde o início da fusão, insiders afirmam que Zaslav acredita que o sucesso da união entre as duas empresas dependerá em grande parte do desbloqueio de todo o potencial do universo de personagens da DC Comics. Para acionistas, o executivo frisou o desejo de proteger a marca, assinalando que está animado para os lançamentos de Adão Negro, Shazam! 2 e The Flash — menção significava em um momento que Ezra Miller enfrenta problemas policiais envolvendo várias alegações de abuso e má conduta que o estúdio e o ator solenemente ignoraram publicamente.
O engavetamento das duas produções segue uma mudança de estratégia da WBD de criar longas-metragens exclusivos para a HBO Max. Segundo Zaslav, o estúdio não encontrou um argumento econômico que justifique a produção de filmes caros enviados diretamente para o streaming.
O jornalista Lucas Shaw escreveu um ótimo texto sobre os motivos econômicos envolvendo o arquivamento de US$ 130 milhões de Batgirl e Scoob: Holiday Haunt e o corte de custos da WBD.
Por falar em The Flash…
Parece que a WBD finalmente está enfrentando o elefante na sala. Segundo o THR, uma fonte com conhecimento da bagunça envolvendo Ezra Miller diz que o estúdio parece estar se preparando para três cenários possíveis.
No primeiro cenário, Miller buscaria ajuda profissional — provavelmente psicológica e jurídica — para lidar com a situação, seguido de uma entrevista para explicar o comportamento errático nos últimos anos. A partir disso, Miller poderia estar presente em eventos de imprensa limitados de The Flash. Esse é um clássico de Hollywood.
No segundo cenário, o filme seria lançado sem envolvimento de Miller nos materiais de marketing e publicidade, com ou sem sua retratação pública. O papel também seria reformulado em projetos futuros. Recentemente, a Disney escolheu essa opção para o lançamento de Morte no Nilo [2022] após os escândalos públicos de Armie Hammer.
A terceira e última opção é bem mais dramática. Sem a possibilidade de refilmar a produção com um ator diferente, a WBD descartaria completamente o filme — Miller interpreta vários personagens e está em quase todas as cenas. Engavetar um filme de US$ 200 milhões causaria um terremoto em Hollywood, além de um estrago considerável nas contas do estúdio.
Com bons resultados nos testes de tela, The Flash é apontado como um filme chave para a WBD delinear um novo caminho para o Universo Estendido da DC.
HBO Max + Discovery+
Entre os anúncios da reunião de acionistas, a empresa de mídia confirmou planos para fundir a HBO Max e o Discovery+ em um serviço único nos EUA no verão de 2023. Segundo JB Perrette, CEO e presidente de streaming global e jogos da Warner Bros. Discovery, a fusão de conteúdo dos dois serviços se tornou a solução mais viável para administrá-los, além de reduzir a rotatividade entre ambos.
Por enquanto, nenhum nome foi confirmado e nenhum preço foi discutido entre os executivos da WBD — Perrette disse que estão fazendo pesquisas sobre a percepção do consumidor do nome HBO Max. O foco inicial da empresa é estudar os planos de pagamento com e sem anúncios do futuro serviço de streaming, além de explorar o alcance de novos clientes em um “espaço gratuito e suportado por anúncios” com conteúdo diferente do que está disponível no VOD.
A plataforma unificada HBO Max-Discovery+ também está prevista para estrear na América Latina em 2023, enquanto chega na Europa no início de 2024 e meados do mesmo ano na região Ásia-Pacífico — mercados adicionais a partir do outono norte-americano de 2024.
No segundo trimestre, a WBD atingiu 92,1 milhões assinantes em números combinados da HBO Max, HBO e Discovery+, um aumento de 1,7 milhão em relação aos 90,4 milhões do trimestre anterior. Até 2025, a empresa espera ter 130 milhões de assinantes globais de streaming, com negócios diretos ao consumidor gerando US$ 1 bilhão em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA).
Segundo Perrette, a empresa espera que as perdas de EBITDA — um indicador financeiro bastante utilizado para avaliar empresas listadas no mercado de bolsa de valores — para a divisão de streaming atinjam o pico em 2022.
Saídas
Enquanto isso, a WBD retirou discretamente conteúdos da HBO Max, incluindo filmes da Warner Bros. transmitidos exclusivamente no serviço.
Rotuladas de Max Originals, as produções Nossos Sonhos de Marte [2022], comédia romântica de ficção científica estrelada por Lana Condor e Cole Sprouge; o remake As Bruxas [2020], protagonizado por Anne Hathaway; a comédia An American Pickle, estrelada Seth Rogen; a comédia de ação Superinteligência, com Melissa McCarthy; o filme de assalto Locked Down [2021]; e o drama Charm City Kings [2020], dirigido por Angel Manuel Soto; não são mais encontradas no catálogo do serviço.
Nas mídias sociais, usuários também notaram que as série Vinyl — originalmente exibida em 2016 —, Mrs. Fletcher, Camping e Run também não estão mais disponíveis na HBO Max.
É comum plataformas de streaming adicionarem e retirarem conteúdos diariamente — repare na quantidade de produções que entram e saem da Netflix, por exemplo. Entretanto, não é comum a Warner Bros. Discovery não anunciar as remoções das produções exclusivas do streaming. Por enquanto, todas estão disponíveis para aluguel ou compra por meio de serviços de VOD de terceiros.
Com menos estardalhaço, o reboot de Uma Festa de Arromba, produzido pela SpringHill e programado para estrear em 28 de julho na HBO Max, foi excluído do calendário de lançamentos. Os representantes da WBD não responderam as perguntas da Variety sobre as remoções.
Números sem números
Sem divulgar nenhum número específico, a Disney declarou que Prey, thriller de ação prequel de Predador [1987], se tornou a produção com o maior número de horas de exibição no Hulu nos primeiros três dias disponível na plataforma — o número inclui séries de televisão e filmes.
Dirigido por Dan Trachtenberg, a Disney decidiu renunciar ao lançamento de Prey nos cinemas e lançou a produção diretamente no streaming. Fora do mercado norte-americano, o filme estreou no Star+ na América Latina e Disney+ sob a bandeira Star em todos os territórios onde o serviço está disponível.
A Disney também divulgou que o recorde se estende ao Star+ na América Latina e Disney+ sob a bandeira Star, regiões onde Prey se estabelece como a maior estreia cinematográfica dos serviços.
Escrito por Patrick Aison, Prey se passa no mundo da Nação Comanche 300 anos atrás, séculos antes dos eventos de Predador. A história segue Naru (Amber Midthunder), uma guerreira feroz e altamente habilidosa criada à sombra de alguns dos caçadores mais lendários que vagam pelas Grandes Planícies. Quando o perigo ameaça seu acampamento, ela decide proteger seu povo.
Em notícias mais curtas…
Para o alto e avante
Top Gun: Maverick ultrapassou Titanic como a sétima maior bilheteria de todos os tempos nos cinemas estadunidenses, arrecadando US$ 662 milhões em vendas de ingressos. Lançado em 1997, Titanic arrecadou impressionantes US$ 600,7 milhões no lançamento e gerou US$ 659 milhões — números não ajustados pela inflação — com relançamentos subsequentes.
Dirigido por Joseph Kosinski, Top Gun: Maverick se torna o filme de maior arrecadação doméstica da Paramount Pictures em 110 anos de história. Fora dos EUA, Titanic ainda supera a aventura de ação de Tom Cruise com US$ 2,2 bilhões globalmente — ainda nos cinemas, Top Gun: Maverick arrecadou US$ 1,5 bilhão nas bilheterias internacionais. Por enquanto, a produção é a 13ª maior bilheteria globalmente.
Oscar
A Coreia do Sul selecionou Decision to Leave como representante no Oscar de melhor filme internacional. O anúncio da decisão foi feito pelo Korean Film Council (KOFIC). Dirigido por Park Chan-wook, o filme segue um detetive que começa a investigar a morte de um homem nas montanhas, mas acaba se apaixonando pela misteriosa viúva.
Estrelado pelo ator coreano Park Hae-il e a estrela chinesa Tang Wei, Decision to Leave teve estreia mundial em competição no Festival de Cannes, onde Park Chan-wook levou o prêmio de melhor diretor. A produção estreou nos cinemas coreanos em 29 de junho de 2022 e permanece no top dez, com arrecação de US $ 14,2 milhões.
Decision to Leave está programado para ser exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto em setembro e no New York Film Festival em outubro, antes de um lançamento comercial pela MUBI nos EUA em 14 de outubro.
Aumento de assinantes
O Disney+ adicionou 14,4 milhões de assinantes durante o terceiro trimestre fiscal, superando as expectativas dos analistas de Wall Street de um aumento médio de 10 milhões de assinantes para o trimestre. O serviço de streaming da Disney alcançou um total de 152,1 milhões de assinantes.
Somando Disney+, Hulu e ESPN+, a Disney agora tem 221 milhões de assinantes totais, superando os 220,7 milhões de assinantes da Netflix. No entanto, o conglomerado de mídia não divulgou quantos desses assinantes estão chegando por meio de assinaturas em pacote.
No total, o Disney+ teve um aumento modesto nos EUA e no Canadá, adicionando cerca de 100.000 assinantes em um total de 44,5 milhões no trimestre. Já as assinaturas internacionais do Disney+, excluindo o Disney+ Hotstar, cresceram de 87,6 milhões para 93,6 milhões.
Aumento de preços
Ao anunciar oficialmente o plano de assinaturas com anúncios para dezembro, a Disney aproveitou para avisar que o preço do serviço de streaming aumentará. A partir de 8 de dezembro, o Disney+ com anúncios custará US$ 7,99 por mês — mesmo preço que o serviço custa atualmente sem anúncios.
A versão premium sem publicidade passará a custar US$ 10,99 por mês ou US$ 109,99 por ano, um aumento mensal de US$ 3 ou US$ 30 anuais.
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Até a próxima semana, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan