O Bicho Está Pegando em Hollywood™
Sempre que acontece algo impactante na semana, eu graciosamente solto um “O Bicho Está Pegando em Hollywood”, porque, bem, é autoexplicativo. A minha editoria favorita entregou o assunto mais importante das próximas semanas e a nova pauta palpitante da indústria. Senta que lá vem história.
Se você circulou a internet esses dias, provavelmente já sabe que Scarlett Johansson entrou com um processo contra a The Walt Disney Co. alegando que a empresa-mãe fez com que a Marvel, sua subsidiária, violasse as obrigações contratuais entre as partes. Seus advogados alegam que o acordo entre eles foi quebrado com o lançamento simultâneo de Viúva Negra [2021] nos cinemas e no Premier Access do Disney+.
Esse processo levou Hollywood para uma nova e importante página na tal Era dos Streamings. Desde o fim dos contratos clássicos que mantinham grandes estrelas presas ao mesmo estúdio por anos, o acordo comum entre as partes era simples: todo mundo ganha dinheiro se o filme faturar bem. Hoje em dia, especialmente no caso da Marvel, existe uma estrutura financeira de bônus de bilheteria que permite que o salário inicial da estrela seja menor, mas lhe dá o direito de faturar uma fatia da arrecadação nas salas de cinema.
No caso de Johansson, o processo afirma que o ex-CEO Bob Iger e o atual CEO Bob Chapek — duplinha que chamo carinhosamente de Bob 1 e Bob 2 — se beneficiaram do lançamento no streaming. Como? Lançamentos inéditos deste tamanho no streaming geram mais interesse do público no Disney+, aumentando o número de assinantes no serviço. E, assim como os acionistas, Iger e Chapek são remunerados pelo aumento das ações do serviço.
O processo afirma que o staff da atriz passou meses tentando entrar em contato com a Disney para negociar um novo acordo, mas foram ignorados pela empresa. Para piorar o que já estava ruim, a resposta pública do conglomerado de mídia ao processo não foi das melhores ao acusar Johansson de ser desrespeitosa com os "terríveis e prolongados efeitos globais da pandemia de COVID-19".
Mas, afinal, o processo é sólido o suficiente para Johansson ganhar nos tribunais? Segundo o jornalista e editor de processinhos Eriq Gardner, não. O contrato não diz explicitamente que o lançamento nos cinemas era “exclusivo” e o típico lançamento teatral passou por mudanças significativas na pandemia.
Porém, a atriz e seus representantes fizeram questão de fazer bastante barulho tornando o processo público. Isso significa necessariamente que isso aumentaria suas chances de sucesso perante um tribunal? Não, mas pode significar um acordo financeiro fora dos tribunais, algo que acontece com mais frequência do que você imagina.
Onde passa um boi, passa uma boiada…
Com a notícia do processo caindo como uma bomba em Hollywood e na imprensa mundial, surgiram notícias sobre outras estrelas estarem avaliando suas opções após verem seus filmes indo para o Disney+. Esse é o caso de Emma Stone, protagonista de Cruella [2021], e Emily Blunt, presente em Jungle Cruise [2021]. Vem aí?
Disney e processinhos em terras tupiniquins
Ainda sobre Disney e processos, o conglomerado de mídia tem uma audiência no dia 24 de agosto para resolver a pendência envolvendo o nome da Star+ no Brasil. A Starz, marca da Lionsgate, quer barrar o nome no país. A parte curiosa dessa história é que o streaming que abrigará as produções adultas da Disney — teoricamente — estreia por aqui em 31 de agosto.
Carteirinha de vacinação em mãos
Com a variante Delta correndo solta por aí e um número considerável de não-vacinados nos EUA, o Festival de Cinema de Sundance exigirá prova de vacinação contra COVID-19 de todos os participantes do evento de 2022.
Segundo Tabitha Jackson, a diretora do festival, o Sundance Institute tem um compromisso com a comunidade de Utah e presa pela segurança de todos os artistas, voluntários, funcionários e público que acompanhará o festival, que será em formato híbrido em 2022.
Enquanto isso, a Netflix exigirá que os funcionários e visitantes de seus escritórios sejam vacinados, além das equipes e elencos de grandes séries. O streamer é o primeiro grande estúdio a exigir vacinação das produções — no final de julho, a Disney começou a exigir vacinação de todos os trabalhadores assalariados e não sindicalizados dos EUA, mas, até o momento, não estendeu a exigência para as equipes de produção. Atualmente, outros estúdios estão avaliando vacinação de caso em caso.
E, você, vacine, hein?
Mercado de aquisições
A Netflix adquiriu os direitos globais remanescentes de The Lost Daughter, filme de estreia de Maggie Gyllenhaal como diretora — a compra inclui o mercado brasileiro. Estrelado por Olivia Colman, Dakota Jonhson, Jessie Buckley, Paul Mescal e Peter Sarsgaard, o drama fará sua estreia mundial em competição no Festival Internacional de Cinema de Veneza, que acontece de 1º de setembro a 11 de setembro. A produção baseada no livro A Filha Perdida [2006] de Elena Ferrante segue uma mulher cujas férias na praia dão uma guinada sombria quando ela começa a enfrentar problemas de seu passado.
Temos uma “nova” rainha entre nós
Ainda na terra do streamer, a Netflix divulgou a primeira imagem de Imelda Staunton como Rainha Elizabeth II, vulgo Bebeth. A atriz assume o papel da monarca na quinta e penúltima temporada de The Crown, que recentemente começou a ser filmada no Reino Unido. Staunton substituiu Olivia Colman, indicada ao Emmy nas temporadas cinco e seis.
Entre as mudanças no elenco, Lesley Manville substitui Helena Bonham-Carter como Princesa Margaret, Dominic West substitui Josh O'Connor como Príncipe Charles, Elizabeth Debicki assume o papel de Princesa Diana que era de Emma Corrin e Jonathan Pryce será Príncipe Philip, anteriormente interpretado por Tobias Menzies.
A quinta temporada de The Crown ainda não tem data de estreia.
Se cuidem, cuidem dos seus e até a próxima semana,
Júlia Gavillan.
Chega logo, De Crau! Saudades da minha novelinha <3