Escolha da Índia para o Oscar gera questionamentos
Mais um Oscar, mais uma escolha polêmica...
A Film Federation of India (FFI), um órgão não governamental de produtores, distribuidores e donos de estúdios, está enfrentando reações negativas por escolher Laapataa Ladies para representar o país no Oscar de melhor longa-metragem internacional.
Selecionado de uma lista competitiva de 29 produções, o filme de Kiran Rao foi uma surpresa para muitos que esperavam que All We Imagine as Light, de Payal Kapadia, representasse o país. O filme de Kapadia fez história ao se tornar o primeiro título indiano a competir no Festival de Cinema de Cannes em três décadas — o filme levou o Grand Prix, o segundo maior prêmio do festival.
Dado que o vencedor do Grand Prix do ano passado foi Zona de Interesse, que ganhou o Oscar de melhor longa-metragem internacional, surgiram questionamentos sobre a escolha do júri.
Após relatos de que o júri viu All We Imagine as Light como um “menos indiano” do que Laapataa Ladies, o presidente da FFI, Ravi Kottarakara, disse ao THR India que o júri “estava assistindo a um filme europeu que se passa na Índia, não um filme indiano que se passa na Índia”.
De acordo com Kottarakara, as características indianas de Laapataa Ladies decorrem do enredo central, que conta a história de duas noivas que acidentalmente trocam de marido durante uma viagem de trem. Elas acabam trocando de parceiros quando um dos maridos confunde a outra mulher com sua esposa, graças ao fato de ambas estarem usando um ghoonghat — um tecido que cobre o rosto da mulher, escondendo sua identidade. Embora muitos vejam a prática como arcaica, o costume ainda é prevalente em várias partes do norte da Índia.
Já All We Imagine as Light conta a história de duas enfermeiras malaias que embarcam em uma viagem de carro para a praia em um esforço para lidar com a solidão e a alienação de viver e trabalhar na agitação da Mumbai moderna.
Em conversa com o THR Índia, o acadêmico de cinema Ira Bhaskar argumentou que a decisão da FFI de escolher um filme devido ao foco em práticas culturais tradicionais é equivocada por ser uma “perspectiva orientalizante”.
Adicionando mais lenha na fogueira, a declaração oficial da FFI quando anunciou Laapatta Ladies dizia que “mulheres indianas são uma estranha mistura de submissão e dominância” na primeira linha. A roteirista do filme, Sneha Desai, pediu uma interpretação mais ampla da declaração após o comentário ser chamado de sexista nas redes sociais.
Questionado sobre a declaração, Kottarakara argumenta que a fala foi mal interpretada e que as mulheres são como a Deusa Lakshmi (deusa da riqueza e da boa fortuna) e Kali (deusa do tempo, da morte e da violência). “[Elas são] como Lakshmi, que está sempre te abençoando, e também como Kali — podem te machucar quando quiserem.”
Muitos destacaram a falta de diversidade da FFI, com membros exclusivamente masculinos no comitê de seleção.
Histórico
Esta não é a primeira vez que as escolhas da FFI geram questionamentos. Em 2013, o órgão escolheu o drama The Good Road, de Gyan Correa, apesar de The Lunchbox, de Ritesh Batra, ter sido aclamado internacionalmente. Mais recentemente, em 2022, RRR, de S. S. Rajamouli, não foi escolhido pelo grupo — o país selecionou Chhello Show (Last Film Show), de Pan Nalin.
A Índia envia filmes para o Oscar de melhor longa-metragem internacional desde 1957, conseguindo três indicações: Mother India [1957], de Mehboob Khan; Salaam Bombay! [1988], de Mira Nair; e Lagaan [2001], de Ashutosh Gowariker. O país nunca levou uma estatueta na categoria.
Contrato
A Netflix revelou que assinou um acordo exclusivo de cinco anos com o diretor japonês Hitoshi One. Pelo acordo, a empresa de streaming produzirá e distribuirá exclusivamente as séries e filmes de One.
Recentemente, o diretor lançou na Netflix a série Tokyo Swindlers, que ficou na lista das séries globais mais assistidas no streaming por cinco semanas consecutivas. No Japão, Tokyo Swindlers se manteve em primeiro lugar entre todas as séries de TV por seis semanas consecutivas.
Tokyo Swindlers segue uma equipe de vigaristas imobiliários enquanto eles tentam realizar seu maior assalto após descobrirem uma propriedade nobre no valor de 10 bilhões de ienes.
Vilões
Seguindo a tradição de explorar vilões nos cinemas, a DC Studios planeja lançar um filme com Bane e Deathstroke. Segundo o THR, o projeto ainda não tem direção, mas será escrito por Matthew Orton, roteirista de Capitão América: Admirável Mundo Novo [2025].
Criado pelo escritor Chuck Dixon e o artista Graham Nolan, Bane entrou para a galeria de vilões do Batman pela primeira vez nos quadrinhos no início da década de 1990. Nascido e criado em uma prisão em uma ilha caribenha fictícia, ele foi submetido a um teste de esteroides, um experimento que o deixou incrivelmente forte, mas também viciado na droga.
Conhecido por quebrar brutalmente as costas do Batman, o personagem apareceu em vários jogos e séries de TV, sendo notavelmente retratado por Tom Hardy em O Cavaleiro das Trevas Ressurge [2012].
Introduzido pela primeira vez em 1980 para ser um vilão dos Jovens Titãs, Deathstroke se tornou um dos personagens mais populares da DC, enfrentando Batman e a Liga da Justiça. Criado pelo escritor Marv Wolfman e pelo artista George Perez, o personagem esteve brevemente nas mãos de Joe Manganiello, que seria o vilão do filme do Batman dirigido e estrelado por Ben Affleck.
Atualmente, o Max está exibindo a série Pinguim, um spin-off que segue os eventos do filme The Batman [2022]. Enquanto isso, a divisão de cinema está lançando Coringa: Delírio a Dois.
Retorno
Daniel Day-Lewis saiu da aposentadoria para estrelar Anemone, filme de estreia de Ronan Day-Lewis como diretor. Produzido pela Focus Features e Plan B, o projeto marca o retorno de Day-Lewis ao trabalho desde Trama Fantasma, lançado em 2017.
Escrito pela dupla de pai e filho, o roteiro explora os laços familiares, especificamente aqueles envolvendo pais, filhos e irmãos. Sean Bean, Samantha Morton, Samuel Bottomley e Safia Oakley-Green completam o elenco.
Anemone será distribuído internacionalmente pela Universal Pictures.
Ícone
Julia Roberts receberá uma homenagem honorária na 50ª edição do César Awards, que acontecerá em 28 de fevereiro em Paris. Em comunicado, a organização enfatizou que Roberts é uma fonte de inspiração e um ícone do cinema mundial.
“Julia Roberts não é apenas uma estrela de cinema, ela também é um ícone da cultura popular, e sua influência se estende muito além de suas performances.”
Homenageando as conquistas profissionais de artistas e cineastas, o prêmio já foi entregue a David Fincher, Christopher Nolan, Cate Blanchett, Penélope Cruz, Robert Redford e George Clooney.
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Até a próxima, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan