Crítica: Lov3
Nova série nacional do Prime Video peca na construção dos personagens.
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Produção original do Prime Video, a série Lov3 acompanha Ana (Elen Clarice) e os gêmeos Sofia (Bella Camero) e Beto (João Oliveira), três irmãos que moram em São Paulo e se recusam a lidar com relações interpessoais da mesma forma que os pais. Quando a mãe, Baby (Chris Couto), resolve abandonar o complexo casamento de 30 anos, os filhos enfrentam questões sobre os próprios relacionamentos e o significado de pertencimento.
Criada por Felipe Braga e Rita Moraes, Lov3 aborda os dilemas emocionais que envolvem a busca por conexão e amor, seja por si mesmo, por um interesse amoroso — ou três… — ou por um membro dessa família emocionalmente desestruturada. Entretanto, apesar das boas ideias, a série apresenta alguns problemas, especialmente na construção dos personagens.
O grande vácuo de informação da série é a mãe dos protagonistas, uma mulher que fala abertamente sobre sempre ter vivido sem amarras, independente de como suas ações afetaram os próprios filhos. No lugar de explorar como o núcleo familiar afetou a vida de cada filho, Lov3 gasta muito tempo dando voltas nas mesmas inquietações de Sofia, Beto e Ana. Parece uma oportunidade perdida a série não se aprofundar no que se tornou essa família tão disfuncional.
Enquanto não sabemos como realmente foi o passado dos três irmãos, vemos apenas suas relações amorosas se desenrolarem sem contexto que justifique suas ações — Beto é um jovem gay que só sente atração por homens héteros, Sofia entra em um confuso e insatisfatório relacionamento com um trisal já estabelecido e Ana reata com o ex-marido, mas permanece infeliz com a vida que leva porque teme ser como a mãe.
No fim, a sensação é que Lov3 é uma história que começou do meio e perdi informações importantes antes de chegar nesse ponto do enredo. Não ajuda que o texto ainda sofra com uma falta de leveza que poderia tornar a série menos cansativa e mais agradável de assistir.