Cinemas de Hong Kong cancelam lançamento de Winnie the Pooh: Blood and Honey
O retorno de Jordan Peele; a demissão de Victoria Alonso; e mais...
Apenas dois dias antes da exibição, o lançamento de Winnie the Pooh: Blood and Honey foi abruptamente cancelado em Hong Kong. Nenhuma explicação oficial foi oferecida, mas existem suspeitas de que o filme pode ter cruzado alguma linha da política cada vez mais complexa na região.
Segundo a Variety, o personagem Ursinho Pooh é comparado fisicamente — longe de ser elogioso — com o presidente da China, Xi Jinping. A pesquisa online por Ursinho Pooh é fortemente censurada na China continental e os produtos do universo do personagem não são distribuídos na região. Em 2018, a China não permitiu o lançamento de Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível.
Produzido pela Jagged Edge Productions, Winnie the Pooh: Blood and Honey foi escrito, dirigido e produzido por Rhys Frake-Waterfield. O filme se baseia nos personagens infantis criados por A. A. Milne, os transformando em criaturas de terror.
Sem qualquer informação sobre os motivos, o cancelamento da exibição foi anunciado pela VII Pillars no Facebook do grupo. Em e-mail enviado para a Variety, Frake-Waterfield afirma que houve censura ao filme após uma exibição, causando a remoção simultânea de Winnie the Pooh: Blood and Honey de várias redes de cinema de Hong Kong e Macau.
Após o caso, o secretário de cultura Kevin Yeung disse que o governo de Hong Kong não está envolvido no cancelamento, afirmando acreditar que foi uma decisão do próprio distribuidor.
Quando Hong Kong retornou ao domínio chinês em 1997, foi prometido que as leis, a moeda e as instituições continuariam as mesmas até 2047. No entanto, nos últimos anos, as autoridades de Hong Kong estão adotando cada vez mais políticas chinesas.
Conhecida como Lei Básica, a Lei de Segurança Nacional foi uma das mudanças mais impactantes. Ela especifica crimes de subversão, secessão, terrorismo e conluio estrangeiro como seus quatro pilares principais. Os infratores correm o risco de prisão perpétua.
Desde a introdução da Lei Básica, houve mudanças generalizadas nas regras da região sobre eleições e educação, com o fechamento de vários meios de comunicação pró-democracia e a introdução de questões de segurança nacional na lei de censura cinematográfica de Hong Kong.
Aprovado pelos censores da região, Winnie the Pooh: Blood and Honey foi classificado como Categoria III, o que significa que o filme só pode ser exibido para o público de 18 anos ou mais. Segundo a classificação do The Office of Film, Newspaper and Article Administration, a produção do filme “contém descrição detalhada de crueldade, violência sangrenta, forte conteúdo chocante e linguagem grosseira”.
Questionado sobre o assunto, um porta-voz do OFNAA afirmou à Reuters que apenas avalia os certificados, sendo escolha das redes de cinema exibir ou não a produção.
As classificações da Categoria III serem raras e a maioria dos operadores de cinema tenta evitar a exibição desse tipo de filme. Além de limitar o público, os cinemas podem ser multados se aceitarem clientes menores de idade. Para evitar problemas, as redes precisam que os funcionários verifiquem a identidade de cada espectador.
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Falando em China…
Após a aprovação de novos lançamentos de filmes hollywoodianos na China, o país continua com uma sequência de bilheterias instáveis de filmes norte-americanos. Um fracasso geral, a sequência de Shazam arrecadou apenas US$ 4,3 milhões, uma queda de 86% em relação à abertura de U$ 29,7 milhões do primeiro filme da franquia produzida pela Warner Bros — os dados são da Artisan Gateway.
Um hit de terror, M3GAN conseguiu uma arrecadação ainda pior com uma abertura de apenas US$ 1,6 milhão. A previsão é que a produção lute para atingir US$ 3 milhões antes que o filme saia de cartaz na China.
Por outro lado, a comédia chinesa Post Truth, que estreou em 10 de março, já faturou US$ 51,2 milhões e deve conseguir pouco mais de US$ 100 milhões antes de sair dos cinemas. O drama policial Revival arrecadou US$ 6,3 milhões no mesmo fim de semana, alcançando US$ 22,3 milhões até o momento.
O próximo grande lançamento hollywoodiano na China acontecerá em 31 de março, com as estreias simultâneas de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes e 65 - Ameaça Pré-Histórica.
Adeus repentino
Um dos nomes mais importantes da Marvel Studios, Victoria Alonso deixou o estúdio na última semana. Segundo apuração da Variety, três pessoas familiarizadas com o assunto disseram que a executiva foi pega de surpresa pela demissão do cargo de presidente de produção física e pós-produção, efeitos visuais e animação do estúdio.
Embora a causa da rescisão não seja clara, as fontes afirmaram que a decisão foi tomada por um consórcio que inclui recursos humanos, o departamento jurídico da Disney e vários executivos, incluindo Alan Bergman, o co-presidente da Disney Entertainment.
Uma fonte também afirmou que Kevin Feige, chefe de longa data de Alonso e diretor criativo da Marvel, estava em uma situação impossível e, no final das contas, não se envolveu.
No estúdio desde 2006, Alonso começou como chefe de efeitos visuais e pós-produção, ajudando a lançar o Universo Cinematográfico da Marvel como co-produtora de Homem de Ferro em 2008. Ela também atuou como co-produtora de Homem de Ferro 2 [2010], Thor [2011] e Capitão América: O Primeiro Vingador [2011].
Desde então, Alonso trabalhou como produtora executiva em todos os filmes e programas de TV da Marvel Studios desde Os Vingadores [2012], produção que arrecadou impressionantes US$ 1,5 bilhão e levou a Marvel a novos patamares. A partir daí, o MCU se tornou a franquia de maior bilheteria da história do cinema.
Nos últimos anos, a divisão da Marvel sofre muita pressão para fornecer conteúdo atraente para os cinemas e novos programas destinados ao Disney+. Com uma enxurrada de diferentes produtos ao longo de 23 meses — sete filmes, oito séries para o streaming e dois especiais de TV —, o rigoroso cronograma tem gerado problemas de pós-produção.
Apesar do calendário abarrotado não ser escolha de Alonso, o trabalho da executiva era comandar o gigantesco trabalho de pós-produção da Marvel. Nos últimos meses, surgiram inúmeros questionamentos sobre a divisão, com artistas de efeitos visuais reclamando abertamente sobre os exigentes cronogramas de pós-produção do estúdio.
Entre as reclamações, os profissionais lamentaram as — muitas — horas extras e as constantes mudanças de prazos de entrega, gerando trabalhos abaixo do padrão. Com cronogramas confusos, a maioria das reclamações se resumia ao fato da “Marvel não resolver nada de antemão”.
Fora da Marvel, a executiva é creditada como produtora de Guardiões da Galáxia Vol. 3 e The Marvels, além das séries Invasão Secreta, Ironheart, Echo e Agatha: Coven of Chaos, que serão lançadas no Disney+.
Uma importante embaixadora dos esforços de representação na Disney, Alonso também produziu o longa Argentina, 1985, indicado ao Oscar de melhor longa-metragem internacional em 2023.
Em notícias mais curtas…
O retorno dele
A Universal anunciou que o próximo filme de Jordan Peele será lançado em 25 de dezembro de 2024. Ainda sem título, nenhum elenco ou detalhes narrativos foram divulgados.
Ganhando destaque com Corra, que lhe rendeu um Oscar de melhor roteiro original em 2018, Peele continuou entregando histórias de terror inovadoras e socialmente impactantes nos filmes Nós [2019] e Nope [2022]. O quarto longa-metragem dirigido por Peele enfrentará a concorrência de Avatar 3, programado para estrear nos cinemas em 20 de dezembro de 2024.
O estúdio também anunciou que o thriller de terror da Monkeypaw, produtora de Peele, estreará nos cinemas em 27 de setembro de 2024. Atualmente, o cineasta está em um contrato de cinco anos com a Universal, assinado em 2019.
Contratado
O roteirista Jon Spaihts foi contratado para escrever a adaptação cinematográfica de Gears of War. A versão live-action de um dos maiores jogos de ação de todos os tempos — mais de 40 milhões de cópias vendidas — está sendo produzida pela Netflix em parceria com a The Coalition, desenvolvedora de jogos canadense por trás da franquia.
Lançado pela primeira vez em 7 de novembro de 2006, o jogo se passa em um planeta à beira do colapso social quando uma ameaça monstruosa que leva a humanidade à beira da extinção. O Esquadrão Delta, um grupo desorganizado liderado pelo sargento Marcus Fenix, está encarregado de liderar a última resistência da humanidade.
Além do longa-metragem em live-action, a Netflix tem planos para produzir uma série animada para adultos. Com experiência em produções com grande investimento, Spaihts trabalhou ao lado de Denis Villeneuve no roteiro de Duna [2021] e do inédito Duna: Parte Dois [2023], além de Doutor Estranho [2016] e Prometheus [2012].
Substituto
Após a saída de Damon Lindelof, Steven Knight é o novo roteirista de um dos próximos filmes da franquia Star Wars. Criador de Peaky Blinders, Knight trabalhará em um projeto para o cineasta Sharmeen Obaid-Chinoy.
Além da saída de Lindelof, o escritor Justin Britt-Gibson também se retirou da produção. Lindelof começou a trabalhar no filme em julho de 2022, realizando sessões secretas com escritores antes de se unir com Britt-Gibson para escrever o roteiro. Segundo fontes, a trama acontecerá após Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker [2019].
Por enquanto, a Disney não marcou nenhuma data de lançamento para o filme, embora o estúdio tenha uma produção da franquia agendada para 19 de dezembro de 2025 — o calendário não especifica a produção.
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Até a próxima semana, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan