Boicote russo se espalha pela indústria cinematográfica
Documentário de Pamela Anderson, panos quentes do Oscar e mais...
Em resposta à invasão da Ucrânia, a Disney se tornou o primeiro grande estúdio de Hollywood a pausar lançamentos teatrais na Rússia.
“Dada a invasão não provocada da Ucrânia e a trágica crise humanitária, estamos pausando o lançamento de filmes teatrais na Rússia, incluindo Red: Crescer é uma Fera, próximo lançamento da Pixar”
O comunicado ainda informa que as decisões futuras serão tomadas com base na evolução da situação, além de estarem trabalhando com ONGs parceiras para fornecer ajuda urgente e outras assistências humanitárias aos refugiados. Red: Crescer é uma Fera estava programado para estrear na Rússia em 10 de março.
Logo após o anúncio da Disney, a WarnerMedia retirou The Batman dos lançamentos no país, seguido pela Sony Pictures que declarou que não lançaria Morbius na região no final de março. Atualmente desenvolvendo quatro séries originais na região, a Netflix interrompeu todos os projetos em andamento e aquisições futuras da Rússia. Uma fonte próxima ao streamer disse que a empresa está “avaliando o impacto dos eventos atuais”.
Com a decisão da União Europeia de expulsar a Rússia do sistema global SWIFT — a Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais —, os estúdios podem enfrentar problemas para conseguir recuperar dinheiro de parceiros de distribuição do país.
Pedidos de boicote
Em outros setores da indústria cinematográfica e televisiva, a Rússia começou a ser proibida de participar de grandes festivais e premiações — a Academia Ucraniana de Cinema pediu que produtores, distribuidores e festivais de cinema boicotem filmes feitos ou co-produzidos na Rússia em solidariedade ao povo ucraniano.
Em comunicado, a Academia Europeia de Cinema (EFA) condenou a invasão e excluiu os filmes russos do European Film Awards deste ano. A nota afirma que a organização tem “plena consciência” de que vários integrantes da organização estão lutando com armas contra a invasão, reiterando que darão todo o apoio a “cada elemento do boicote”.
O Festival de Cinema de Glasgow, que acontecerá em março, decidiu retirar da programação de 2022 os filmes russos No Looking Back, de Kirill Sokolov, e The Execution, de Lado Kvataniya. Seguindo a sanção do governo francês contra a Rússia, o Festival Series Mania e a MipTV confirmaram que não haverá russos em seus respectivos eventos.
Já o Festival Internacional de Cinema de Toronto anunciou que banirá todas as delegações oficiais russas da edição de 2022, mas receberá trabalhos de cineastas russos independentes. O banimento será focado em organizações cinematográficas e meios de comunicação apoiados pelo Estado, bem como embaixadores culturais.
Seguindo o mesmo caminho, o Festival de Cinema de Cannes se posicionou barrando as delegações russas da edição deste ano, afirmando que não aceitarão a presença de qualquer pessoa ligada ao governo russo “a menos que a guerra termine em condições que satisfaçam o povo ucraniano”. Embora as delegações estejam proibidas, o festival deu a entender que cineastas individuais não serão barrados — ainda não está claro se esses filmes serão relacionados para competição ou estarão em outro lugar do festival.
Por outro lado, o Festival de Cinema de Locarno divulgou uma declaração informando que não planeja um boicote, frisando que “defende a liberdade de expressão e a arte cinematográfica em todas as suas formas”. Para os cineastas russos, banir todas as produções dos grandes eventos culturais não é apenas inútil, como também é prejudicial para a voz de protesto anti-guerra no país.
Panos quentes
Com o famoso almoço anual dos indicados batendo na porta, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas está tentando acalmar os ânimos após a decisão de apresentar oito categorias do Oscar fora da transmissão televisiva.
Segundo o THR, a organização está enfatizando — em comentários públicos e conversas privadas com os indicados — que as apresentações de todas as categorias acontecerão dentro do Dolby Theatre, com plateia, e serão exibidas na ABC.
Os nomes dos indicados das oito categorias serão lidos no palco e os vencedores poderão fazer um discurso de aceitação da mesma duração de qualquer outro vencedor, antes de serem levados para a sala de imprensa nos bastidores — o protocolo normal para todas as categorias.
Entretanto, para manter o ritmo da cerimônia e alcançar o número mágico de menos de três horas de premiação, os clipes editados não mostrarão os vencedores saindo pelo corredor e indo ao palco, ou até mesmo abrindo a lista de agradecimento.
Os resultados das oito categorias serão compartilhados pelas contas de mídia social da Academia à medida que forem acontecendo — seria difícil a Academia segurar a informação com uma plateia presente. Porém, a própria organização reconhece que as grandes estrelas que passam pelo tapete vermelho podem não estar presentes no momento dos anúncios. Bleh.
Em notícias mais curtas…
Ainda sobre a Rússia…
Em comunicado enviado à Variety, a Netflix informou que não transmitirá os 20 canais russos de propaganda gratuita que poderia ser obrigada a hospedar sob a lei do país.
Ao atingir mais de 100.000 assinantes em dezembro de 2021, a Netflix foi adicionada pelo regulador russo Roskomnadzor — Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação de Massa — ao registro de serviços audiovisuais do país. Portanto, o streamer é teoricamente obrigado a distribuir 20 canais de TV russos de esportes, notícias e entretenimentos gratuitos, como parte de uma lei localmente conhecida como TV Vitrina.
Por enquanto, a lei ainda não foi totalmente implementada, mas existem especulações de que seria aplicada em 1º de março. Localizada na Rússia há pouco mais de um ano com interface de usuário em russo e pagamentos locais, o negócio do streamer no país é pequeno e sem escritórios ou funcionários.
Pamela por Pamela
A Netflix revelou que está trabalhando em um documentário focado na vida de Pamela Anderson. Feito com total participação da atriz, o anúncio acrescenta que a estrela está “ajustando as contas” no filme sobre sua vida e carreira.
Em produção há vários anos, o documentário dirigido por Ryan White apresentará material de arquivo inédito, bem como entrevistas com Anderson. Ainda sem data de estreia anunciada, o filme será produzido por Jessica Hargrave, Julia Nottingham, White e o filho da atriz, Brandon Thomas Lee, com o empresário de documentários Josh Braun como produtor executivo.
Voltou de vez
Reafirmando seu retorno triunfal ao cinema, Lindsay Lohan assinou um acordo para dois novos filmes com a Netflix. Atualmente, a atriz e o streamer estão trabalhando no filme de férias Falling for Christmas, que deve estrear ainda este ano.
Dirigido por Janeen Damian, Falling for Christmas apresenta Lohan como uma herdeira mimada recém-noiva que sofre um acidente de esqui, perdendo totalmente a memória e ficando sob os cuidados de um belo dono de pousada (Chord Overstreet) e sua filha precoce poucos dias antes do Natal. Bem doce. <3
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Até a próxima semana, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan