Amazon fecha compra da MGM por US$ 8,5 bilhões
TikTok em Cannes, Netflix cobrando adicional por compartilhamento de conta, Berlinale diz não ao boicote russo e mais...
Anunciado pela primeira vez em maio de 2021, a Amazon fechou a compra da MGM por US$ 8,5 bilhões, adquirindo uma vasta biblioteca que inclui mais de 4.000 filmes e 17.000 episódios de programas de televisão.
Entre as produções, estão os direitos das propriedades intelectuais de filmes como a franquia Rocky/Creed, Thelma & Louise e O Silêncio dos Inocentes. A compra também inclui a participação da MGM na franquia James Bond, que compartilha com a Eon Productions. Em comunicado, Jeff Bezos, fundador da Amazon, destacou que as empresas poderão reimaginar e desenvolver propriedades intelectuais para o século XXI.
No início desta semana, reguladores europeus aprovaram a fusão, afirmando que o acordo não reduziria a concorrência e que “as sobreposições entre Amazon e MGM são limitadas”. Nos EUA, alguns grupos trabalhistas pediram à FTC — agência independente governamental cuja principal missão é a aplicação da lei antitruste civil — que contestasse a aquisição.
O argumento é que a Amazon, além de produtora e distribuidora de conteúdo, também vende o Amazon Fire, uma central de mídia que possibilita a inicialização de serviços de streaming, como Netflix, YouTube e o próprio Prime Video. Basicamente, a Amazon cria o conteúdo e distribui no próprio aparelho. No entanto, com a aprovação do acordo WarnerMedia-Discovery, não parece que o governo barrará a compra.
Um (ex)gigante do cinema
Fundada por Marcus Loew em 1924, a MGM foi uma junção dos estúdios Metro Pictures, Goldwyn Pictures e Louis B. Mayer Pictures em uma única empresa. Em sua época mais próspera, de 1926 a 1959, a companhia era conhecida ser um dos cinco grandes estúdios de cinema de Hollywood, capaz de contratar as maiores estrelas do período — o slogan “mais estrelas do que há no céu” resumia a imagem do estúdio.
Dona de estúdios, lotes de filmagens, salas de cinema e instalações de produção técnica, a MGM passou por diferentes proprietários e investimentos ao longo dos anos. Em 1969, Kirk Kerkorian comprou 40% da empresa e contratou uma nova administração, reduzindo o investimento em produções cinematográficas para financiar outros produtos — entre eles, a MGM Resorts International, uma empresa de hotéis e cassinos com sede em Las Vegas vendida em meados de 1980, período que Kerkorian decidiu focar na United Artists, adquirida no início da década.
A partir de 1986, começou uma dança das cadeiras envolvendo a empresa após Kerkorian vender a MGM para Ted Turner, que manteve os direitos da biblioteca na Turner Entertainment apenas para revender o restante da companhia para Kerkorian. O executivo ainda vendeu a empresa novamente em 1992, apenas para recomprá-la em 1996.
Menos de dez anos depois, em 2004, Kerkorian vendeu a MGM pela última vez para um consórcio que incluía a Sony Pictures. Seis anos depois, o estúdio entrou com um pedido de proteção contra falência e reorganização financeira, apenas saindo da bancarrota sob propriedade dos credores. A partir daí, a MGM passou a ser administrada por um holding até 2020, quando o estúdio iniciou a procura por um comprador que pagasse os credores.
Celebração
Tom Cruise ganhará uma retrospectiva da carreira no Festival de Cinema de Cannes, programado para começar em 17 de maio. A estrela da franquia Missão: Impossível estará no Palais des Festivals para participar de uma conversa sobre os 40 anos de carreira com o jornalista Didier Allouch.
No início desta semana, o festival confirmou que receberá uma exibição especial de Top Gun: Maverick, um dos últimos filmes adiados devido à pandemia ainda sem estrear nos cinemas. O Festival de Cinema de Cannes acontece de 17 a 28 de maio e já conta com outros filmes, como Elvis, de Baz Luhrmann, e Three Thousand Years Of Longing, novo filme de George Miller. A programação completa será revelada durante uma coletiva de imprensa em 14 de abril.
Sem boicote
O Festival Internacional de Cinema de Berlim emitiu uma declaração condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas se posicionando contra o boicote aos cineastas com base em sua origem.
Se autodenominando um lugar de encontros interculturais e “uma plataforma para discussão crítica de eventos mundiais atuais e históricos”, o comunicado enfatiza que a arte e a cultura são elementos-chave das sociedades democráticas.
“A arte e a cultura são elementos-chave das sociedades democráticas, e os festivais de cinema são lugares onde artistas de todo o mundo — independentemente de seu país — podem mostrar seu trabalho e dialogar. É somente em espaços abertos e criativos de reflexão que a cultura (do cinema) pode continuar a se desenvolver.”
Indo na contramão de alguns festivais europeus, Berlinale salienta a importância de dar espaço para cineastas e trabalhadores culturais usaram suas obras cinematográficas para transmitirem críticas aos respectivos regimes. A declaração ainda destaca a diferença entre artistas russos independentes e instituições estatais oficiais.
Falando em festivais…
Pensando em atrair a atenção os usuários globais do TikTok, a plataforma digital se tornou o parceiro oficial do Festival de Cinema de Cannes. A parceria fornecerá conteúdos exclusivos dos bastidores, momentos do tapete vermelho — que proibiu selfies há muitos anos — e entrevistas com talentos.
Além de expandir a marca para um público mais jovem, a parceria também está lançando o #TikTokShortFilm, uma competição global de curtas-metragens verticais com duração entre 30 segundos e 3 minutos — os curtas devem ser postados no próprio aplicativo.
O júri da primeira edição será presidido por um conhecido realizador cujo nome ainda será anunciado. A competição entregará três prêmios durante o festival em um evento com presença de Thierry Fremaux, o diretor do Festival de Cinema de Cannes.
Precinho extra
Em uma tentativa de lidar com o compartilhamento ilícito de senhas, a Netflix lançará em breve um teste permitindo que os assinantes adicionem até dois usuários fora de suas casas pagando uma taxa adicional.
De acordo com os termos de serviço do streamer, a conta de um cliente “não pode ser compartilhada com indivíduos fora de sua casa”. No ano passado, a Netflix disse que começaria a reprimir o compartilhamento de senhas, solicitando que os usuários verificassem suas identidades e credenciais para continuar usando suas contas — um teste limitado foi realizado como uma forma de incentivar pessoas que usam as contas a pagar.
A nova estrutura de taxas será lançada pela primeira vez no Chile, Costa Rica e Peru, custando 2.380 CLP (R$ 14,98) na Costa Rica e 7,9 PEN (R$ 10,66) no Peru. Os titulares de contas primárias devem criar novos perfis — com login, senha e recomendações personalizadas — para a conta principal.
Chengyi Long, diretor de inovação de produtos da Netflix, afirmou que o streamer está trabalhando para entender a utilidade dos novos recursos para membros desses três países antes de fazer alterações em qualquer outro lugar do mundo.
Em notícias mais curtas…
Foco no show
Ainda lidando com a polêmica da exclusão de oito categorias da transmissão ao vivo do Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou alguns detalhes sobre a cerimônia deste ano.
Apesar de não estar presente na disputa em melhor canção original — uma escolha da Disney, que decidiu apostar em Dos Oruguitas —, a Academia quer surfar no sucesso de We Don’t Talk About Bruno e exibirá a primeira apresentação ao vivo da música presente na animação Encanto.
A organização também anunciou que a cerimônia terá um tributo aos 60 anos da franquia 007, além de uma celebração ao lançamento de O Poderoso Chefão, que completa 50 anos em 2022. Todos os anúncios fazem parte da tentativa da Academia de atrair expectadores para a transmissão ao vivo.
Ainda sobre o Oscar…
Enquanto isso, a Variety contou com exclusividade que Jason Momoa e Josh Brolin estão em negociações finais para apresentar todas as oito categorias cortadas da transmissão ao vivo do Oscar, realizado em 27 de março.
Se o acordo for finalizado, a dupla vai conduzir a entrega dos prêmios das categorias melhor trilha sonora original, maquiagem e penteado, curta documental, edição, design de produção, curta de animação, curta live-action e som.
Que seja a Gwen 🤞
Uma das estrelas de Euphoria e White Lotus, Sidney Sweeney entrou para o elenco de Madame Web, produção ambientada no Universo de Personagens da Marvel da Sony. Dirigido por S.J. Clarkson, o filme será protagonizado por Dakota Johnson e nenhuma informação sobre o papel de Sweeney foi divulgado.
Nos quadrinhos, Madame Web é uma mulher idosa paralisada com miastenia gravis, um distúrbio autoimune crônico que exige que ela se conecte a um sistema de suporte à vida parecido com uma teia de aranha. Os detalhes da trama escrita por Matt Sazama e Burk Sharpless, dupla por trás de Morbius, permanecem sigilosos.
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Até a próxima semana, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan