Academia decide não punir campanha de Andrea Riseborough
A nova DC; o novo Tomb Raider; e mais...
Em nota divulgada pela organização, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu não tomar nenhuma ação punitiva contra a indicação de Andrea Riseborough ao Oscar de melhor atriz pela atuação em To Leslie. Entretanto, a nota assinada pelo CEO Bill Kramer afirma que a investigação encontrou preocupações nas táticas de campanha de divulgação e publicações em mídias sociais, informando que essas estratégias estão sendo abordadas diretamente com as partes responsáveis.
O anúncio da decisão veio depois que o conselho de governadores composto por 54 pessoas da Academia discutiu a questão na reunião mensal regular da organização. A revisão da campanha de Riseborough foi uma resposta aos debates generalizados sobre a movimentação apontada como não convencional que gerou a indicação surpresa da atriz.
Poucas semanas antes da primeira fase de votação do Oscar, o nome de Riseborough foi impulsionado por indicações e comentários de estrelas como Jane Fonda, Kate Winslet, Jennifer Aniston e Sarah Paulson, entre muitas outras. Além de apoio público, nomes como Charlize Theron, Edward Norton, Courteney Cox e Gwyneth Paltrow apresentaram as exibições de To Leslie para jornalistas e votantes.
Apesar de endossos de amigos e colaboradores serem comuns, existiram questionamentos sobre as táticas agressivas de campanha por email e, especialmente nas redes sociais, com publicações cheias de marcações de membros atores da Academia.
Enquanto muitos admiraram a determinação da campanha da atriz, outros questionaram e observaram que nem toda aspirante ao Oscar tem acesso aos atores que estiveram empenhados em divulgá-la. O trabalho de bastidores do bem relacionado manager Jason Weinberg parece ter sido fundamental.
O insider Matthew Belloni contou em publicação na newsletter Puck que dois representantes de atores que postaram nas redes socais sobre o filme foram repetidamente contatados para falarem sobre To Leslie, aparecerem em sessões de exibição do filme e até apresentarem esses encontros — além de convidados para eventos na casa de Mary McCormack e Michael Morris, diretor do filme. Isso acontece durante a temporada do Oscar, mas esses contatos foram implacáveis e fora do serviço oficial de intermediários da Academia.
Lançado no South by Southwest do ano passado, To Leslie é uma produção independente britânica vendida para o distribuidor norte-americano Momentum Pictures. A produção arrecadou pouco mais de US$ 27,300 e a distribuidora não tinha recursos para impulsionar financeiramente a campanha da atriz. Como apurado por diversos insiders, poucos votantes conheciam o filme, exceto aqueles que fazem parte do ramo de atores da Academia — o maior ramo da organização.
Sem punição para a atriz ou para os tais responsáveis pela táticas de campanha, a Academia reconheceu que “componentes dos regulamentos devem ser esclarecidos para ajudar a criar uma estrutura melhor para campanhas respeitosas, inclusivas e imparciais”.
Basicamente, a Academia quer evitar que esse problema aconteça novamente, especialmente qualquer reclamação futura que envolva “táticas agressivas” de campanha.
Pode parecer bobo de fora, mas as regras da Academia existim por um motivo. Se você acredita que a temporada do Oscar é agressiva e beneficia estúdios e campanhas milionárias, a realidade seria muito pior se a organização permitisse que votantes fossem constantemente incomodados, abrindo caminho para a corrupção de todo o processo — pense no que o Globo de Ouro se tornou.
Como bem lembra Belloni, o Oscar é, acima de tudo, um negócio com licenciamento televisivo de quase US$ 100 milhões por ano para a Academia. Esse valor pago pela ABC também exige que o processo inteiro tenha legitimidade, mesmo que nem todo mundo concorde com as indicações e vitórias da premiação. A percepção de integridade é fundamental.
Chapter 1
Após passarem os últimos três meses ocupados definindo o futuro da DC Studios, James Gunn e Peter Safran anunciaram a lista de produções cinematográficas e televisivas que farão parte do primeiro capítulo do novo estúdio — como esperado, a dupla alertou que os planos ainda podem mudar.
Intitulado Chapter 1: Gods and Monsters, os projetos englobam heróis já conhecidos com figuras mais obscuras dos quadrinhos. Segundo Gunn, uma das estratégias é pegar personagens enormes como Batman, Superman e Mulher-Maravilha e usá-los para sustentar outros personagens que o público mainstream ainda não conhece.
Além das novas produções, a sequência de The Batman de Robert Pattinson foi confirmada para 3 de outubro de 2025 com o título The Batman Part II.
Conheça os projetos já confirmados:
Creature Commandos
Escrita por Gunn, a série animada de sete episódios acompanhará uma equipe de monstros clássicos que, originalmente, se reúnem para lutar contra os nazistas — a série terá uma visão moderna do conceito original. Ainda sem dubladores escalados, os executivos estão em busca de atores que assumam os personagens na animação e também em futuras versões live-action.
Waller
Spin-off da série Peacemaker, a produção contará com o retorno de Viola Davis como a chefe implacável e moralmente ambígua de uma força-tarefa do governo. A série está sendo escrita por Christal Henry (Watchmen) e Jeremy Carver, o criador da série de TV Doom Patrol.
Superman: Legacy
Escrito por Gunn, Superman: Legacy é o verdadeiro pontapé inicial para os planos da dupla no DCU. Segundo Safran, o filme não contará uma história de origem, se concentrando no equilíbrio da educação humana e herança kryptoniana do personagem. “Ele é bondade em um mundo que pensa que bondade é antiquada.” Previsto para estrear em 11 de julho de 2025.
Lanterns
Apontado como um dos projetos mais importantes em desenvolvimento, Lanterns seguirá os Lanternas Verdes — com Hal Jordan e John Stewart — em uma série descrita como “uma visão muito parecida com True Detective”. Safran salientou que a produção televisiva ambientada na Terra desempenhará um papel muito importante na condução da história principal que planejam contar no cinema e na TV.
The Authority
The Autority será baseado em uma saga em quadrinhos sobre uma equipe de super-heróis com métodos extremos de proteger o planeta. Os quadrinhos criados por Warren Ellis e Bryan Hitch na década de 1990 foram lançados pela WildStorm, marca criada e dirigida por Jim Lee, atual chefe de publicação da DC — atualmente, a WildStorm é um selo da DC.
Gunn descreveu a produção como uma história que não será sobre heróis e vilões.
Paradise Lost
Ambientado na ilha de Themyscira, a série acompanhará intrigas políticas e conspirações no local de nascimento da Mulher-Maravilha. Descrita como um drama no estilo Game of Thrones, a trama se passa antes dos eventos dos filmes da personagem.
The Brave and the Bold
A introdução do Batman no novo DCU, The Brave and the Bold apresenta a complexa relação entre Bruce Wayne e Damian Wayne. O filme se inspirará na história escrita por Grant Morrison, que apresentou ao Batman um filho que ele nunca soube que existia: um adolescente assassino criado por assassinos. A produção contará com um novo ator interpretando Batman.
Booster Gold
Produzida para a HBO Max, a série será baseada em Booster Gold, um herói criado em 1986 descrito como um perdedor do futuro que usa tecnologia básica para voltar ao presente e fingir ser um super-herói.
Supergirl: Woman of Tomorrow
Baseado na minissérie homônima escrita por Tom King, Supergirl: Woman of Tomorrow promete ter uma visão diferente da famosa prima do Superman. O filme de ficção científica mostrará a diferença entre Superman, enviado para a Terra e criado por pais amorosos, e Supergirl, que cresceu vendo todos ao redor morrerem.
Swamp Thing
Descrito como um filme de terror, Swamp Thing promete fechar a primeira parte do capítulo um da DC Studios.
Quem sabe na próxima (vida)
Em entrevista para o Insider, Dave Bautista confirmou que teve conversas com James Gunn sobre interpretar o papel de Bane no novo universo cinematográfico da DC. Porém, o ator contou que não tem planos para assumir o personagem por entender que o papel requer um ator jovem.
Segundo Bautista, um ator mais jovem seria capaz de se envolver em um longo projeto de reinicialização, especialmente pela direção que Gunn está tomando. Citando a parte física de Bane, o ator afirmou que não acredita que pode trazer justiça ao personagem neste ponto da carreira, principalmente a longevidade necessária para planejar filmes com antecedência.
Em 2021, Bautista contou que visitou a Warner Bros. e se ofereceu para interpretar Bane nos cinemas. Na época, o estúdio disse que não estavam escalando ninguém para o personagem, mas ele insistiu que queria interpretá-lo.
Novo universo compartilhado
Segundo o THR, Amazon Studios e a dj2 Entertainment uniram forças para garantir os direitos da produção de um longa-metragem de Tomb Raider, além da recém-anunciada série de TV escrita por Phoebe Waller-Bridge e pelo menos um novo jogo da franquia.
Visando construir um universo, as histórias seriam interconectadas entre o jogo, a série e o filme de uma forma semelhante ao que a Marvel realiza nos cinemas. Em dezembro, um novo jogo da franquia foi anunciado, com jogos adicionais considerados prováveis.
Uma fonte com conhecimento do acordo contou ao THR que o projeto é um dos maiores compromissos da Amazon após O Senhor dos Anéis. Em comparação, estima-se que o estúdio gastou US$ 250 milhões apenas em direitos da história de J. R. R. Tolkien — o pacto cobre um programa de várias temporadas (Os Anéis do Poder), além de spin-offs.
Apesar de escrever o roteiro da série de TV, Waller-Bridge não está envolvida na produção do filme ou do jogo. Considerada uma grande fã de Tomb Raider, o envolvimento da atriz e roteirista no projeto decorre do acordo geral recentemente renovado com a Amazon — atualmente, o envolvimento de Waller-Bridge não inclui atuação na série.
O acordo entre dj2 Entertainment e Amazon Studios decorre de um contrato inicial assinado no início de 2022. Sob o pacto, a produtora se concentrará na adaptação de títulos de jogos para o streamer. Atualmente, a dj2 Entertainment está trabalhando na adaptação de Life Is Strange e Disco Elysium como projetos de cinema e televisão.
Em 2022, a desenvolvedora Crystal Dynamics recuperou os direitos dos jogos de Tomb Raider após a Embracer concluir a aquisição dos ativos da Square Enix. Antes do anúncio dos novos projetos na Amazon, a dj2 Entertainment fechou um acordo para uma série animada de Tom Raider na Netflix, incluindo um pedido de duas temporadas — a animação é uma co-produção entre Netflix, Crystal Dynamics, Square Enix e Legendary Television
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Até a próxima semana, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan