007 - Sem Tempo para Morrer deve causar perdas em torno de US$ 100 milhões para MGM
Ridley Scott contra os millennials, Walt Disney Co. investindo pesado em 2022 e mais...
De acordo com relatório publicado pela Variety, 007 - Sem Tempo para Morrer deve causar perdas em torno de US$ 100 milhões para a MGM. Com a produção custando mais US$ 250 milhões, o filme dirigido por Cary Fukunaga arrecadou US$ 730 milhões em bilheterias globais, mas lidou com 16 meses de atrasos que aumentaram o custo do marketing em pelo menos US$ 100 milhões.
Segundo a revista, insiders dizem que 007 - Sem Tempo para Morrer precisa ganhar perto de US$ 900 milhões para atingir o ponto de equilíbrio — com Daniel Craig, a franquia arrecadou globalmente US$ 605 milhões com 007 - Cassino Royale [2006], US$ 589 milhões com 007 - Quantum of Solace [2008], US$ 1,1 bilhão com 007 - Operação Skyfall [2012] e US$ 880 milhões com 007 - Contra Spectre [2015]. Outras fontes da indústria sugerem que as perdas financeiras não atingiriam a marca de nove dígitos, mas ainda seriam substanciais.
Porém, a MGM contesta as informações, afirmando que o filme não apenas “se pagou” como gerou dinheiro. Em comunicado à revista, a empresa diz que as informações de fontes anônimas são “categoricamente infundadas” e simplesmente não são verdade. O estúdio insistiu que a produção excedeu as estimativas teatrais neste período, se tornando o filme de Hollywood com maior bilheteria no mercado internacional, além da maior bilheteria de um filme hollywoodiano na era pandêmica.
Entretanto, esses recordes não representam números lucrativos para o filme. Apesar do retorno oficial dos cinemas, os estúdios estão enfrentando problemas para atrair o público. A matemática de grandes orçamentos hollywoodianos nunca é fácil — envolve acordos com parceiros de produção e contratos com membros do elenco que precisam ser pagos quando o dinheiro entra em caixa, tornando complexo um filme ser lucrativo até em tempos saudáveis.
Como apontado pela própria publicação, filmes tradicionalmente comerciais como Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, Eternos e Esquadrão Suicida penaram para arrecadar em bilheterias nos últimos meses e terminarão no vermelho. Apesar de nenhum desses filmes sofrer um baque financeiro como O Último Duelo — filme dirigido por Ridley Scott que custou US$ 100 milhões e arrecadou quase US$ 29 milhões globalmente —, o retorno financeiro em 2021 é completamente diferente do que os estúdios esperavam quando planejaram as produções anos atrás.
Além do fator COVID-19, lembre-se que na época que 007- Sem Tempo para Morrer foi oficializado, o número de serviços de streaming disponível era muito menor e os filmes tinham uma janela de exclusividade de três meses nos cinemas. Ainda vai demorar um pouco para Hollywood navegar com segurança nas turbulentas águas da nova indústria.
Esses millennials e seus malditos celulares…
Enquanto isso, Ridley Scott parece ter encontrado os culpados para a péssima bilheteria de O Último Duelo. Em entrevista ao WTF, podcast apresentado por Marc Maron, o cineasta tirou a responsabilidade das costas da Disney — que herdou o filme após a compra da Fox — e culpou categoricamente os “millennials apáticos”.
Segundo o diretor, o público atual “cresceu com seus malditos telefones” e o millennial “nunca quer aprender nada a menos que seja dito por um celular”. Estrelado por Adam Driver, Jodie Comer, Matt Damon e Ben Affleck, O Último Duelo não conseguiu atrair a atenção do público.
Ao defender o filme, o diretor explicou que o processo de tomada de decisão do estúdio para realização da produção foi sólido e que todos os envolvidos no projeto gostaram do roteiro. Scott ainda afirmou não ter arrependimentos, porque aprendeu desde muito cedo a ser o próprio crítico dos trabalhos que faz.
Os Reis do Iê-Iê-Iê
Dirigida por Sara Sugarman, a produção de Midas Man, cinebiografia musical sobre Brian Epstein, empresário dos Beatles, escalou quatro atores que interpretação os membros da banda.
Jonah Less, interpretará John Lennon, Blake Richardson será Paul McCartney, Leo Harvey Elledge interpretará George Harrison e o novato Campbell Wallace será Ringo Starr.
O elenco também conta com Jacob Fortune-Lloyd como Epstein, Adam Lawrence como Pete Best, Charley Palmer Rothwell como o produtor musical George Martin, e Jay Leno como Ed Sullivan, que apresentou a banda no The Ed Sullivan Show em 1964. Inicialmente, Midas Man seria dirigido por Jonas Åkerlund, mas o diretor se retirou do projeto após três semanas de filmagens.
Show me the Money
De acordo com o relatório anual da empresa, a Walt Disney Co. está planejando gastar aproximadamente US$ 33 bilhões em conteúdo no próximo ano, incluindo streaming, programação linear e conteúdo de esportes. O número representa um aumento de US$ 8 bilhões em relação ao ano fiscal de 2021 — a empresa afirma que gastou cerca de US$ 25 bilhões em conteúdo.
No relatório, a Disney diz que o aumento é impulsionado por “gastos mais elevados para apoiar nossa expansão do DTC, que geralmente não assume interrupções significativas na produção devido à COVID-19”. Resumindo: o aumento será destinado aos serviços de streaming do conglomerado, que acumula Disney+, Hulu, ESPN+ e Star+ internacionalmente entre suas marcas.
Segundo o THR, o enorme gasto com conteúdo pode ser impulsionado em parte por direitos esportivos, contratos caros fechados a longo prazo. Para efeito de comparação, a Netflix está gastando quase US$ 14 bilhões em conteúdo este ano, enquanto o planejamento de investimento após a fusão entre WarnerMedia e Discovery será de US$ 20 bilhões no primeiro ano.
A Disney também anunciou que planeja lançar cerca de 50 títulos nos cinemas e em plataformas diretas ao consumidor, enquanto a divisão General Entertainment tem planos para produzir ou encomendar 60 séries não roteirizadas, 30 séries de comédia, 25 séries dramáticas, 15 séries documentais/limitadas, 10 séries animadas e cinco filmes televisivos.
O General Entertainment inclui a ABC Entertainment, ABC Studios, ABC News, ABC Owned Television Stations Group, Freeform, Twentieth Century Fox Television, Fox 21 Television Studios, FX Networks e FX Productions, além das redes Disney Channel e National Geographic Partners.
Em notícias mais curtas…
Passou
Para a alegria da Warner Bros., Matrix Resurrections recebeu aprovação para um eventual lançamento nos cinemas chineses. A confirmação foi dada pela mídia local em Pequim, na última terça-feira. Dirigido por Lana Wachowski, a produção co-escrita com David Mitchell e Aleksandar Hemon ainda não recebeu uma data exata de lançamento no país.
Com muitos fãs na China, os filmes Matrix [1999] e Matrix Reloaded [2003] foram lançados na região muito antes do país se tornar uma potência em bilheterias — a maioria dos fãs assistiu os dois primeiros filmes por meio da pirataria de DVD que era onipresente na China na época. Também lançado em 2003, Matrix Revolutions foi o primeiro filme de Hollywood a estrear no país no mesmo dia dos principais mercados ocidentais.
E o conglomerado só cresce…
A Netflix anunciou planos de adquirir o estúdio de efeitos visuais Scanline VFX. Fundada em 1989, a Scanline é conhecida por fazer efeitos fotorrealistas complexos e também pela experiência em produção virtual.
Com filiais em Vancouver, Montreal, Los Angeles, Munique, Seul, Stuttgart e Londres, o estúdio trabalhou com o streamer nas produções de Cowboy Bebop e Stranger Things 3, além dos inéditos Não Olhe para Cima, The Gray Man, Slumberland, O Projeto Adam e Stranger Things 4 — o currículo do estúdio também inclui desenvolvimento de projetos como Game of Thrones, Godzilla vs Kong, Eternos e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis.
Segundo o comunicado liberado pela Netflix, a empresa de streaming investirá no pipeline, infraestrutura e também na mão de obra, além de dar apoio ao trabalho pioneiro que a Eyeline Studios, da Scanline, está desenvolvendo na produção virtual para “expandir os limites do que é possível hoje”.
Liderada por Stephan Trojansky, profissional VFX indicado ao Oscar por Além da Vida [2010], a empresa continuará operando como um negócio autônomo e trabalhando com uma carteira de clientes variados. A Netflix afirma que continuará contratando outros estúdios ao redor do mundo para atender todas as necessidades de efeitos visuais de suas produções.
Antes tarde do que mais tarde
Indicado ao Oscar por sua atuação em A Garota Dinamarquesa, o ator Eddie Redmayne disse que interpretar uma personagem trans foi um erro. Baseado em fatos reais, o filme dirigido por Tom Hooper segue a história de Lili Elbe, uma das primeiras pessoas no mundo a passar por uma cirurgia de redesignação sexual.
Ao The Sunday Times, jornal dominical britânico de circulação nacional, Redmayne disse que não aceitaria o papel agora, apesar afirmar ter feito o filme com as “melhores intenções”.
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E nesta semana, na Locadora da Júlia:
Até a próxima semana, se cuidem e cuidem dos seus,
Júlia Gavillan